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quinta-feira, 10 de setembro de 2020

10 de setembro: Dia Mundial da Prenvenção do Suicídio

 


Em 10 de setembro é observado o Dia Mundial da Prevenção do Suicídio. A data foi criada em 2003, pela Associação Internacional para a Prevenção ao Suicídio e pela Organização Mundial da Saúde (OMS), motivadas em prevenir o ato de suicídio, através de estratégias governamentais.

Em 2019, a OMS publicou seu, até então, último relatório, onde informou que, por ano, 800 mil pessoas tiram suas vidas em todo o mundo, ou seja, uma pessoa a cada 40 segundos. Junto a isso, ainda foi identificado que o suicídio tem maior incidência em países de baixa e média renda, atingindo mais aos homens, no geral, e sendo a segunda maior causa de morte entre os jovens de 15 a 24 anos.

Os dados preocupantes alertam para a necessidade, senão obrigação, de se olhar no mínimo com cuidado especial para essa situação. Um bom começo, falando por uma perspectiva mais geral, pode ser dado a partir da criação de políticas que conscientizem a população sobre o assunto.

Mas, dentro de todas essas questões, uma dúvida é pertinente: como saber se uma pessoa está envolvida em desejos de acabar com sua vida? A resposta para este questionamento traz a importância da psicologia nesse tema.

Para a psicóloga e parceira da Acalentar, Ana Lucia Herreiro, é difícil acusar um motivo para a escolha do ato de suicídio, porque ele é, na verdade, embasado por uma série de problemas de importância relacionada ao particular de cada um.

O primordial aqui não é tentar obter o controle da vida dessas pessoas, mas sim procurar fazer com que elas se sintam ouvidas e levadas a sério, incentivando-as ao desejo de se estar vivas, de acordo com Ana Lucia. E isso é um papel que demanda desde o psicólogo, até, principalmente, familiares e amigos próximos.

Todos os anos, junto à data mundial específica de prevenção do suicídio, o 10 de setembro, temos o “Setembro Amarelo”, campanha também voltada para a prevenção desse ato. A Linha-4 do metrô de São Paulo, esse ano, personalizará o chamado “vagão do acolhimento”, com o intuito de mostrar e conscientizar as pessoas sobre o quão grave e incapacitante um distúrbio psicológico pode ser.

É natural que essas medidas sejam aplicadas nesse mês, quando o assunto está mais evidente, devido à data proposta pela OMS e pela Associação Internacional de Prevenção do Suicídio. Mas é importante se ter em mente que todo o aprendizado e empatia adquiridos não devem se limitar a essa época do ano, mas sim serem repassados por toda a vida.

Artigo escrito por Kauany Schoedl, voluntária de Comunicação da AMO Acalentar.

sexta-feira, 4 de setembro de 2020

Expressão do receptor de células natural killer(ou células natural NK) na endometriose

 O que os sinais das células natural killer revelam sobre a endometriose?


Principais observações:

Alterações na expressão de receptores ativadores de células natural killer (NK) sugerem que a endometriose pode estar relacionada a alterações no sistema imunológico local. Alterações na expressão dos receptores das células natural killer (NK) e seus ligantes podem auxiliar no melhor entendimento da patogênese da endometriose, tendo portanto impacto na terapia.

Esse estudo científico foi feito com mulheres portadoras de endometriose ovariana e que portanto participaram dos controles científicos.

A expressão de receptores de células citotóxicas naturais e NKG2D, um receptor transmembranar em células NK naturais, foram examinados no sangue periférico, fluido peritoneal e em células endometriais.
As células endometriais foram coletadas do endométrio eutópico de pacientes com e sem endometriose e de tecidos endometrióticos.

No sangue periférico, a expressão de receptores de células citotóxicas nas células NK da endometriose foram reduzidas e a expressão de NKp46 foram aumentadas, na comparação dos controles científicos.
O ligante para NKG2D, expressão da proteína ULBP-2 nas células endometriais eutópicas da endometriose foi inferior à expressão nas células endometriais ectópicas da endometriose e nas células endometriais eutópicas do controle científico.

Outro ligante, a expressão de ULBP-3 em células endometriais ectópicas foi menor do que nas células endometriais eutópicas com ou sem endometriose.

O estudo é limitado pelo pequeno número de amostras estudadas e marcadores de superfície usados ​​para identificar as células NK.

Resumo dos resultados:

Cada vez mais, os estudos relatam que a patogênese da endometriose está relacionada a defeitos nas funções imunológicas. Os dados também apontam para a função prejudicada das células natural killer (NK), levando a uma menor atividade das células NK citotóxicas na endometriose. Semelhante aos linfócitos B e T, as células NK geralmente desempenham uma função crucial na imunidade humana, pois representam a terceira maior população de linfócitos no sangue periférico. Para identificar as células NK, os pesquisadores usaram a expressão positiva de marcadores de superfície. Em um ambiente normal, as células NK funcionam como efetoras, produtoras de citocinas e reguladores em potencial na imunidade adaptativa. Portanto, a compreensão de como as células NK são ativadas / inibidas é crucial para a patogênese da endometriose. Esse processo é realizado por um conjunto de receptores ativadores ou inibitórios nas células NK.

Para identificar seus alvos, as células NK usam receptores para interações de ligantes. NKG2D é um receptor transmembranar em células NK e se liga especificamente a ligantes de proteínas de ligação a UL16 (ULBPs). Apesar da redução da atividade das células NK na endometriose, não está claro como os receptores ativadores nas células NK são alterados.

O artigo atual publicado no "JournalofReproductiveImmunology" por Xu et al. da Escola de Medicina da Universidade Jiaotong de Xangai, na China, investigou a expressão de NCRs e NKG2D em células NK no sangue periférico, fluido peritoneal e em células endometriais de mulheres com endometriose pélvica.

O estudo recrutou 20 pacientes com endometriose ovariana que se submeteram a uma cirurgia laparoscópica ou laparotomia para endometriose. O grupo incluiu 2 pacientes no estágio II, 6 no estágio III e 12 no estágio IV da endometriose. Não houve diferença significativa na expressão de NCRs e NKG2D em células NK do sangue periférico entre os grupos de endometriose do controle científico. No entanto, a expressão de NKp30 e NKG2D em células NK derivadas do fluido peritoneal em mulheres com endometriose foi reduzida em comparação do controle científico. Em contraste, a expressão de NKp46 foi maior do que no controle. Além disso, a expressão de ULBP-2 foi menor no endométrio eutópico da endometriose em comparação com o endométrio eutópico normal. A expressão de ULBP-3 também foi menor no endométrio ectópico do que no endométrio eutópico.

A diferença na expressão do receptor das células NK no fluido peritoneal, mas não no sangue periférico, sugere que a endometriose é potencialmente um resultado da desregulação local do sistema imunológico. Alterações na expressão de ligantes NKG2D e respostas imunes mediadas por NKG2D são uma característica potencial de doenças autoimunes e sugerem uma ligação mais estreita entre endometriose e distúrbios autoimunes.

Finalmente, alterações em células NK ativando receptores ou respostas de ligantes podem fornecer novas abordagens imunoterapêuticas para endometriose, melhorando a vigilância imunológica.


Fonte:
https://www.endonews.com/natural-killer-cells-receptor-expression-in-endometriosis


Artigos livremente traduzidos por Vanessa Souza, voluntária de comunicação da Amo Acalentar e pós graduanda em Comunicação Institucional.

terça-feira, 1 de setembro de 2020

Qual a relação entre endometriose e exercício físico?

 

Confira uma entrevista com Renata Carlini, educadora física e portadora de endometriose


Photo by bruce mars on Unsplash


De acordo com o Ministério da Saúde, a endometriose é "uma doença crônica provocada pela migração do tecido que reveste a cavidade uterina, o endométrio, para outras partes do corpo, principalmente para o abdome, além de ovário, ligamentos uterinos, bexiga e intestino.Uma em cada dez mulheres brasileiras têm a doença.


Após o diagnóstico, algumas opções de tratamento são medicamentos que suspendem a menstruação ou que reduzem as dores, além de cirurgias. Outra recomendação dos especialistas é manter uma alimentação saudável e praticar exercícios, o que pode ajudar no controle da dor. Mas até que ponto a atividade física influencia no tratamento da endometriose?


Para discutir o assunto e celebrar o Dia do Educador Físico, comemorado hoje (01/09), conversamos com a educadora física e portadora de endometriose Renata Carlini (37). Confira a entrevista:


AMO Acalentar: Renata, qual a sua história com a endometriose?

Renata Carlini: hoje está controlada, no nível 1, então eu não sofro nada. Mas eu já cheguei no nível 4, segundo o meu médico. Meu ciclo menstrual sempre foi normal, zero cólica. Quando eu estava com 25 ou 26 anos, eu comecei a ter muita cólica. E não era normal: a cada ciclo menstrual aumentava. E aí eu comecei a investigar: comecei a marcar ginecologistas, fazer exames e nunca dava nada. Demorou mais de um ano para eu descobrir o que eu realmente tinha e neste tempo a coisa foi se agravando. 


Eu cheguei a fazer uma cirurgia com um ginecologista que me examinou, por videolaparoscopia, e não fez muita coisa, porque continuaram as dores. Aí eu fiz uma cirurgia com outro médico que deu uma melhorada, mas as dores continuavam. Então eu comecei a tomar pílula direto para que eu não menstruasse. Melhorou, mas depois de um certo tempo… 


Então, eu descobri um médico, por uma amiga, especialista em endometriose. Ele começou a fazer vários exames e diagnosticou, pela ressonância magnética, que eu já estava em um nível bem avançado da endometriose. Ele falou: “Renata, pelo que a gente vê aqui no exame, a coisa tá bem feia e vamos precisar operar, fazer uma boa raspagem”. Resumo da obra: em 2015, eu fiz uma grande cirurgia, uma boa “limpeza”. Foram retirados 12 cm do meu intestino, porque estava completamente comprometido. Hoje eu faço uso de um remédio específico para endometriose, que não é uma pílula anticoncepcional. Eu não menstruo e, desde então, eu estou ótima. Eu não sinto dores, não sinto absolutamente nada. Minha vida é outra.  


AA: Qual a relação da endometriose com o exercício físico?

RC: Tem muitas coisas benéficas. Durante toda essa caminhada, desde antes de eu descobrir o que tinha, eu identifiquei que o exercício físico é super importante e alimentação também influencia. O carboidrato, por exemplo, não é tão legal porque ele influencia bastante na questão inflamatória da endometriose, o açúcar também. E, em alguns casos, a lactose. Hoje, que eu tenho uma vida bem regrada em relação a exercício, eu vejo o quanto eu melhorei. Então, atividade física e alimentação ajudam muito no tratamento da endometriose.


AA: Renata, nesse período em que você estava com endometriose profunda, você conseguia fazer exercício físico?

RC: Não. Na verdade eu fazia normal, e aí quando começava o período menstrual, era zero. Eu lembro, algumas vezes, que eu pegava o carro para ir dar aula numa academia e aí durante o trânsito eu começava a sentir a cólica e às vezes eu tinha que encostar o carro, me comprimir e esperar passar aquela crise. Aí eu respirava fundo e dava a aula. Agora, treino, eu particularmente não conseguia.


AA: O ideal é a pessoa fazer o exercício com uma certa regularidade, porque na época de muita dor não tem como, certo?

RC: Sim. Mas hoje, como está mais controlada, é outro quadro. Hoje, a atividade me ajuda. Tanto que o meu médico também falou: “Renata, mantenha sempre a atividade física porque isso vai ajudar” com relação aos hormônios. Te ajuda muito a controlar a endometriose, realmente. Minha vida é outra.


AA: Você acha, que, de certa forma, o exercício diminui a dor?

RC: Sim, eu acho. Porque quando você pratica atividade física, você gera uma série de hormônios. E, consequentemente, você vai querer se alimentar bem, é um casamento. Então isso ajuda muito, é muito benéfico.


AA: Renata, você tem alguma dica para quem esse quadro de endometriose, seja a profunda ou não, para conseguir se motivar a fazer atividade física?

RC: Minha dica, além de procurar um especialista, investigar, entender o quadro dela, em que nível que está, é disposição. É respirar fundo e falar: “eu vou treinar, eu vou fazer alguma coisa”. A atividade física tem que ser prazerosa. Porque aí, você faz com disposição, com animação. Isso transforma todo seu corpo, mente, espírito. Muda completamente. Então, minha dica é: faça mesmo, procure algo que te dê prazer. Caminhada, pilates, hidroginástica, musculação, aulas de ginástica., até luta. Porque vai gerar benefício e vai ajudar no quadro da endometriose, é certeza. 


AA: Tem mais alguma informação que você acha importante falar sobre o assunto?

RC: Quando eu estava na época da endometriose bem “punk”, que eu sentia as cólicas, mexe muito com o emocional. Você fica mal, é uma cólica, te deixa para baixo, autoestima lá embaixo. Porque é todo mês! Por isso que atividade física é importante. Sem ter a endometriose, a atividade física já promove uma autoestima: a pessoa se sente melhor, dorme melhor, come melhor, enfim. Só tem a contribuir. 


Artigo escrito por Giovanna Tedeschi, Voluntária de comunicação da Amo Acalentar e  jornalista.