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sexta-feira, 4 de setembro de 2020

Expressão do receptor de células natural killer(ou células natural NK) na endometriose

 O que os sinais das células natural killer revelam sobre a endometriose?


Principais observações:

Alterações na expressão de receptores ativadores de células natural killer (NK) sugerem que a endometriose pode estar relacionada a alterações no sistema imunológico local. Alterações na expressão dos receptores das células natural killer (NK) e seus ligantes podem auxiliar no melhor entendimento da patogênese da endometriose, tendo portanto impacto na terapia.

Esse estudo científico foi feito com mulheres portadoras de endometriose ovariana e que portanto participaram dos controles científicos.

A expressão de receptores de células citotóxicas naturais e NKG2D, um receptor transmembranar em células NK naturais, foram examinados no sangue periférico, fluido peritoneal e em células endometriais.
As células endometriais foram coletadas do endométrio eutópico de pacientes com e sem endometriose e de tecidos endometrióticos.

No sangue periférico, a expressão de receptores de células citotóxicas nas células NK da endometriose foram reduzidas e a expressão de NKp46 foram aumentadas, na comparação dos controles científicos.
O ligante para NKG2D, expressão da proteína ULBP-2 nas células endometriais eutópicas da endometriose foi inferior à expressão nas células endometriais ectópicas da endometriose e nas células endometriais eutópicas do controle científico.

Outro ligante, a expressão de ULBP-3 em células endometriais ectópicas foi menor do que nas células endometriais eutópicas com ou sem endometriose.

O estudo é limitado pelo pequeno número de amostras estudadas e marcadores de superfície usados ​​para identificar as células NK.

Resumo dos resultados:

Cada vez mais, os estudos relatam que a patogênese da endometriose está relacionada a defeitos nas funções imunológicas. Os dados também apontam para a função prejudicada das células natural killer (NK), levando a uma menor atividade das células NK citotóxicas na endometriose. Semelhante aos linfócitos B e T, as células NK geralmente desempenham uma função crucial na imunidade humana, pois representam a terceira maior população de linfócitos no sangue periférico. Para identificar as células NK, os pesquisadores usaram a expressão positiva de marcadores de superfície. Em um ambiente normal, as células NK funcionam como efetoras, produtoras de citocinas e reguladores em potencial na imunidade adaptativa. Portanto, a compreensão de como as células NK são ativadas / inibidas é crucial para a patogênese da endometriose. Esse processo é realizado por um conjunto de receptores ativadores ou inibitórios nas células NK.

Para identificar seus alvos, as células NK usam receptores para interações de ligantes. NKG2D é um receptor transmembranar em células NK e se liga especificamente a ligantes de proteínas de ligação a UL16 (ULBPs). Apesar da redução da atividade das células NK na endometriose, não está claro como os receptores ativadores nas células NK são alterados.

O artigo atual publicado no "JournalofReproductiveImmunology" por Xu et al. da Escola de Medicina da Universidade Jiaotong de Xangai, na China, investigou a expressão de NCRs e NKG2D em células NK no sangue periférico, fluido peritoneal e em células endometriais de mulheres com endometriose pélvica.

O estudo recrutou 20 pacientes com endometriose ovariana que se submeteram a uma cirurgia laparoscópica ou laparotomia para endometriose. O grupo incluiu 2 pacientes no estágio II, 6 no estágio III e 12 no estágio IV da endometriose. Não houve diferença significativa na expressão de NCRs e NKG2D em células NK do sangue periférico entre os grupos de endometriose do controle científico. No entanto, a expressão de NKp30 e NKG2D em células NK derivadas do fluido peritoneal em mulheres com endometriose foi reduzida em comparação do controle científico. Em contraste, a expressão de NKp46 foi maior do que no controle. Além disso, a expressão de ULBP-2 foi menor no endométrio eutópico da endometriose em comparação com o endométrio eutópico normal. A expressão de ULBP-3 também foi menor no endométrio ectópico do que no endométrio eutópico.

A diferença na expressão do receptor das células NK no fluido peritoneal, mas não no sangue periférico, sugere que a endometriose é potencialmente um resultado da desregulação local do sistema imunológico. Alterações na expressão de ligantes NKG2D e respostas imunes mediadas por NKG2D são uma característica potencial de doenças autoimunes e sugerem uma ligação mais estreita entre endometriose e distúrbios autoimunes.

Finalmente, alterações em células NK ativando receptores ou respostas de ligantes podem fornecer novas abordagens imunoterapêuticas para endometriose, melhorando a vigilância imunológica.


Fonte:
https://www.endonews.com/natural-killer-cells-receptor-expression-in-endometriosis


Artigos livremente traduzidos por Vanessa Souza, voluntária de comunicação da Amo Acalentar e pós graduanda em Comunicação Institucional.

terça-feira, 1 de setembro de 2020

Qual a relação entre endometriose e exercício físico?

 

Confira uma entrevista com Renata Carlini, educadora física e portadora de endometriose


Photo by bruce mars on Unsplash


De acordo com o Ministério da Saúde, a endometriose é "uma doença crônica provocada pela migração do tecido que reveste a cavidade uterina, o endométrio, para outras partes do corpo, principalmente para o abdome, além de ovário, ligamentos uterinos, bexiga e intestino.Uma em cada dez mulheres brasileiras têm a doença.


Após o diagnóstico, algumas opções de tratamento são medicamentos que suspendem a menstruação ou que reduzem as dores, além de cirurgias. Outra recomendação dos especialistas é manter uma alimentação saudável e praticar exercícios, o que pode ajudar no controle da dor. Mas até que ponto a atividade física influencia no tratamento da endometriose?


Para discutir o assunto e celebrar o Dia do Educador Físico, comemorado hoje (01/09), conversamos com a educadora física e portadora de endometriose Renata Carlini (37). Confira a entrevista:


AMO Acalentar: Renata, qual a sua história com a endometriose?

Renata Carlini: hoje está controlada, no nível 1, então eu não sofro nada. Mas eu já cheguei no nível 4, segundo o meu médico. Meu ciclo menstrual sempre foi normal, zero cólica. Quando eu estava com 25 ou 26 anos, eu comecei a ter muita cólica. E não era normal: a cada ciclo menstrual aumentava. E aí eu comecei a investigar: comecei a marcar ginecologistas, fazer exames e nunca dava nada. Demorou mais de um ano para eu descobrir o que eu realmente tinha e neste tempo a coisa foi se agravando. 


Eu cheguei a fazer uma cirurgia com um ginecologista que me examinou, por videolaparoscopia, e não fez muita coisa, porque continuaram as dores. Aí eu fiz uma cirurgia com outro médico que deu uma melhorada, mas as dores continuavam. Então eu comecei a tomar pílula direto para que eu não menstruasse. Melhorou, mas depois de um certo tempo… 


Então, eu descobri um médico, por uma amiga, especialista em endometriose. Ele começou a fazer vários exames e diagnosticou, pela ressonância magnética, que eu já estava em um nível bem avançado da endometriose. Ele falou: “Renata, pelo que a gente vê aqui no exame, a coisa tá bem feia e vamos precisar operar, fazer uma boa raspagem”. Resumo da obra: em 2015, eu fiz uma grande cirurgia, uma boa “limpeza”. Foram retirados 12 cm do meu intestino, porque estava completamente comprometido. Hoje eu faço uso de um remédio específico para endometriose, que não é uma pílula anticoncepcional. Eu não menstruo e, desde então, eu estou ótima. Eu não sinto dores, não sinto absolutamente nada. Minha vida é outra.  


AA: Qual a relação da endometriose com o exercício físico?

RC: Tem muitas coisas benéficas. Durante toda essa caminhada, desde antes de eu descobrir o que tinha, eu identifiquei que o exercício físico é super importante e alimentação também influencia. O carboidrato, por exemplo, não é tão legal porque ele influencia bastante na questão inflamatória da endometriose, o açúcar também. E, em alguns casos, a lactose. Hoje, que eu tenho uma vida bem regrada em relação a exercício, eu vejo o quanto eu melhorei. Então, atividade física e alimentação ajudam muito no tratamento da endometriose.


AA: Renata, nesse período em que você estava com endometriose profunda, você conseguia fazer exercício físico?

RC: Não. Na verdade eu fazia normal, e aí quando começava o período menstrual, era zero. Eu lembro, algumas vezes, que eu pegava o carro para ir dar aula numa academia e aí durante o trânsito eu começava a sentir a cólica e às vezes eu tinha que encostar o carro, me comprimir e esperar passar aquela crise. Aí eu respirava fundo e dava a aula. Agora, treino, eu particularmente não conseguia.


AA: O ideal é a pessoa fazer o exercício com uma certa regularidade, porque na época de muita dor não tem como, certo?

RC: Sim. Mas hoje, como está mais controlada, é outro quadro. Hoje, a atividade me ajuda. Tanto que o meu médico também falou: “Renata, mantenha sempre a atividade física porque isso vai ajudar” com relação aos hormônios. Te ajuda muito a controlar a endometriose, realmente. Minha vida é outra.


AA: Você acha, que, de certa forma, o exercício diminui a dor?

RC: Sim, eu acho. Porque quando você pratica atividade física, você gera uma série de hormônios. E, consequentemente, você vai querer se alimentar bem, é um casamento. Então isso ajuda muito, é muito benéfico.


AA: Renata, você tem alguma dica para quem esse quadro de endometriose, seja a profunda ou não, para conseguir se motivar a fazer atividade física?

RC: Minha dica, além de procurar um especialista, investigar, entender o quadro dela, em que nível que está, é disposição. É respirar fundo e falar: “eu vou treinar, eu vou fazer alguma coisa”. A atividade física tem que ser prazerosa. Porque aí, você faz com disposição, com animação. Isso transforma todo seu corpo, mente, espírito. Muda completamente. Então, minha dica é: faça mesmo, procure algo que te dê prazer. Caminhada, pilates, hidroginástica, musculação, aulas de ginástica., até luta. Porque vai gerar benefício e vai ajudar no quadro da endometriose, é certeza. 


AA: Tem mais alguma informação que você acha importante falar sobre o assunto?

RC: Quando eu estava na época da endometriose bem “punk”, que eu sentia as cólicas, mexe muito com o emocional. Você fica mal, é uma cólica, te deixa para baixo, autoestima lá embaixo. Porque é todo mês! Por isso que atividade física é importante. Sem ter a endometriose, a atividade física já promove uma autoestima: a pessoa se sente melhor, dorme melhor, come melhor, enfim. Só tem a contribuir. 


Artigo escrito por Giovanna Tedeschi, Voluntária de comunicação da Amo Acalentar e  jornalista.


segunda-feira, 31 de agosto de 2020

31 de agosto: Dia do Nutricionista

 

Foto de Brooke Lark em Unsplash

Dia 31 de agosto comemora-se o dia do Nutricionista, uma função de grande importância para a sociedade. 

Desde cedo aprendemos com a pirâmide alimentar quais são os alimentos e nutrientes indicados para que nosso corpo estejasempre bem nutrido, o papel do nutricionista é identificar deficiências e necessidades nutricionais específicas de cada um e realizar orientações de maneira personalizada. 

A alimentação é uma grande aliada no tratamento de doenças e na manutenção da saúde em geral, nossa diretora e estudante de nutrição Isis de Oliveira que também é portadora de endometriose alerta que:“O principal da endometriose é a alimentação, o tratamento nutricional precisa ser especializado e com os cuidados em uma dieta anti-inflamatória.” 

A endometriose é alimentada por excessos hormonais no organismo por isso, é recomendável moderação e consumo reduzido de fitoestrógenos que são encontrados em grãos, como arroz,feijão,soja,ervilha,lentilha, grão de bico e milho. 

Alguns alimentos como, por exemplo: carne vermelha, alimentos ultra processados, glúten, e cafeína, não são indicados para o consumo a uma portadora de endometriose. 

Algumas portadoras possuem grande taxa de açúcar no sangue e tem resistência à insulina, por isso Isis sugere uma dieta mais voltada ao LowCarb. 

Alimentos como: Berinjela,abobrinha,abóbora, tomate,inhame,cúrcuma,folhas verdes escuras,frutas vermelhas,chia,gengibre,peixes, frango sem antibiótico e  hormônios,abacate,shitake e outros cogumelos,repolho roxo,chocolate amargo,melão cenoura, cebola e azeite de oliva, são grandes aliados no tratamento da endometriose. 

"Existem evidências de que alimentos e nutrientes influenciam no nosso organismo tanto quanto na progressão da doença, levando à possibilidade de tratamentos alternativos para prevençãoe tratamento da endometriose. A reeducação alimentar éuma ferramenta promissora", afirma a nutricionista Karina Souza. 

O tratamento da endometriose é multidisciplinar e a presença do nutricionista no apoio ao tratamento pode oferecer melhoras significativas no quadro geral de saúde, afirma Karina. É importante o acompanhamento de um profissional de nutrição para a prescrição de uma dieta segura e completa, ideal para cada tipo e organismo.

Parabéns aos Nutricionistas!


Artigo escrito por Willian Cesar, voluntário de comunicação da Amo Acalentar e graduando em Jornalismo.

 

Nossa ong colabora com mais de 20 mil portadoras de endometriose, e em momentos como esses, buscamos auxilia-las da melhor maneira, seja com informação, alimentação e remédios, e você pode nos ajudar doando aqui, todo o valor é válido e ajuda quando feito de bom grado.



sexta-feira, 28 de agosto de 2020

O impacto da endometriose na vida dos adolescentes transgêneros

 


        

Um estudo realizado por pesquisadores da cidade de Boston, no estado de Massachusetts (EUA), concluiu que pessoas transmasculinas podem apresentar quadro de dismenorreia (cólica) e endometriose mesmo utilizando o hormônio testosterona. Segundo o estudo, o diagnóstico de endometriose era pouco utilizado em transgêneros do sexo masculino portadores de dismenorreia. 

O objeto de análise da pesquisa foram adolescentes do sexo masculino, menores de 26 anos, diagnosticados com dismenorreia e que obtiveram tratamento no Hospital Infantil de Boston de janeiro a março de 2020. Os médicos se atentaram aos prontuários no que diz respeito às características clínicas dos pacientes, cuidados tomados durante a transição e seus tratamentos.

Durante o observatório, 35 adolescentes transgêneros, com idade média de 14 e 11 anos, aproximadamente, foram diagnosticados com dismenorreia. Ele também constatou que 29 deles foram diagnosticados com o distúrbio após a transição social para o sexo masculino (82,9%). Dentre esses, 7 foram diagnosticados com endometriose através do exame de laparoscopia. Utilizando o tratamento convencional, 3 pacientes obtiveram resultados positivos para a contenção dos sintomas da doença. Após o tratamento com o hormônio testosterona, 2 pacientes apresentaram progresso e 2 não obtiveram resposta. Constatou-se, enfim, que a maioria dos adolescentes portadores de endometriose receberam o diagnóstico da doença após a transição social.

De acordo com o estudo, a eficácia do tratamento, os efeitos colaterais dos medicamentos utilizados, a necessidade dos anticoncepcionais e o histórico de gênero são fatores que influenciam na escolha do paciente pelo tratamento a ser utilizado. Ainda segundo o artigo, os pesquisadores perceberam variações individuais de suscetibilidade na utilização de andrógenos, como o danazol e a testosterona, na supressão da menstruação e da dor.

Os autores do artigo ainda enfatizam a necessidade de pesquisas mais expansivas e numerosas em pessoas trans portadoras de endometriose e outras condições ginecológicas, para que se melhore a qualidade do diagnóstico e do atendimento.

 

Endometriose

 

A Endometriose é uma doença caracterizada pela presença do endométrio (tecido que reveste a parte interior do útero) fora da cavidade uterina, podendo também estar em órgãos como trompas, ovários, intestinos e bexiga.

O principal sintoma da doença é a dor e a infertilidade. Aproximadamente 20% das mulheres tem apenas dor; 60% tem dor e infertilidade; e 20% tem apenas infertilidade. Outros sintomas podem ser notados, como cólicas menstruais intensas, dor pré e durante a menstruação, dor durante as relações sexuais, além de fadiga crônica e exaustão. Ainda há, porém, a possibilidade de sangramentos irregulares e intensos e alterações urinárias ou intestinais durante a menstruação.

          Todos os meses, o endométrio fica mais espesso e o óvulo fecundado se implanta nele. Caso não haja gravidez, o endométrio se escama e é expelido na menstruação. A explicação para o surgimento da endometriose é que uma parte desse sangue (guardado no endométrio) cai nos ovários ou na cavidade abdominal ao migrar no sentido oposto (lesão endométrica).

          O diagnóstico da endometriose costuma ocorrer aos/ou a partir dos 30 anos de idade. A doença afeta, hoje, cerca de seis milhões de mulheres no Brasil (de acordo com a Associação Brasileira de Endometriose, entre 10% a 15% das mulheres em idade reprodutiva, de 13 a 45 anos), havendo 300% de chancec que essas fiquem estéreis. 

 

Artigo originalmente publicado no Site Endonews https://www.endonews.com/endometriosis-impacts-transgender-adolescents e livremente traduzido e adaptado por Maira Cruz, voluntária da Amo Acalentar. Artigo editado por Vanessa Souza, voluntária de comunicação da Amo Acalentar e pós graduanda em Comunicação Institucional, e Maria Eduarda Brum, jornalista voluntária da Amo Acalentar.

Outras referências:

https://www.fleury.com.br/manual-de-doencas/dismenorreia

https://psicologafabiola.com.br/transgenero/

https://www.gineco.com.br/saude-feminina/doencas-femininas/endometriose/#exames

https://www.gineco.com.br/saude-feminina/doencas-femininas/endometriose/#o-que-e