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terça-feira, 3 de maio de 2016

Como Enfrentei a Endometriose por Fernanda Machado

Várias vezes e em diferentes veículos, tornei público como enfrentei a endometriose. No Fantástico no quadro do Dr. Dráuzio Varela, no Encontro, no Bem Estar, e em algumas revistas. Tudo isso porque acredito que é extremamente necessário falar sobre essa doença misteriosa e silenciosa que acomete 176 milhões de mulheres no mundo, sendo mais de 6 milhões só no Brasil.
Mesmo sentindo todos os sintomas da endometriose, eu como a maioria das pessoas, desconhecia essa doença. 
Foi assistindo um programa de TV, o Bem Estar, ouvindo o Dr. José Bento descrever os sintomas da endometriose. Que me dei conta de que aquela cólica insuportável, que me acordava de madrugada todo mês, há quase 2 anos, poderia ser endometriose. Então pedi para minha ginecologista investigar meu caso. 
Sim, eu tive que pedir para minha ginecologista uma ressonância pélvica e me parece que esse é o grande problema dessa doença, na maioria das vezes, as mulheres que sofrem os sintomas da endometriose e todos ao seu redor, incluindo seus ginecologistas, acham que aquela cólica forte é normal. 
Fiz minha primeira ressonância pélvica aos 31 anos de idade e foi constatado: endometrioma no ovário direito, focos de endometriose na região externa do ovário esquerdo, e também próximo ao intestino e à bexiga.  
Após receber esse diagnóstico, a minha ginecologista me explicou um pouco sobre a doença e já me sugeriu de cara a cirurgia, uma videolaparoscopia, para a retirada do endometrioma e dos focos de endometriose. 
Eu estava começando a rodar um filme e expliquei à ela que aquele não seria um bom momento para uma cirurgia. Ela me explicou que como ainda não existe uma cura definitiva para a endometriose, a cirurgia elimina os nódulos, mas não previne que novos cresçam e que o maior recurso para impedir seu crescimento é a interrupção do fluxo menstrual. Então decidi esperar um pouco para fazer a cirurgia, mas bloquear meu fluxo menstrual imediatamente, com o uso da pílula anticocepcional. Decidimos usar a Cerazette,  uma pílula de progesterona bastante usada em casos de endometriose. 
Ainda chocada com aquele diagnóstico, morrendo de medo de pensar na possibilidade de não conseguir ser mãe e querendo muito entender melhor essa doença, decidi pesquisar e tentar encontrar outras alternativas.
Fiz uma busca enorme sobre endometriose na internet. Li centenas de depoimentos de portadoras da doença e percebi rapidamente que a endometriose é uma doença incapacitante tanto fisicamente quanto emocionalmente. 
A maioria das mulheres relatavam uma verdadeira peregrinação por diversos médicos até o diagnóstico e tratamento adequado. Dores insuportáveis, tratamentos difíceis, com muitos efeitos colaterais, cirurgias invasivas, dolorosas, de alto custo e uma tortura emocional constante pela incerteza da possibilidade de serem mães.
Não se sabe ao certo os motivos que desencadeiam a endometriose, ela ocorre quando há crescimento de tecido uterino (endométrio) fora do útero, na cavidade abdominal e nos ovários. Os principais sintomas da doença são: 
  • Dor durante as relações sexuais
  • Cólica menstrual intensa 
  •  Alterações no hábito intestinal 
  • Infertilidade 
O diagnóstico muitas vezes é feito tardiamente, quando a endometriose já pode ser profunda e a mulher corre o risco de perder partes de órgãos da região pélvica.
Com o grande aumento de casos da doença nos últimos anos, acredita-se que a endometriose seja a doença da mulher moderna, da mulher que demora para ter filhos. O fato é que nós mulheres, fomos programadas pela natureza para engravidar e não para menstruar. 
Minha avó, por exemplo, teve seu primeiro filho aos 18 anos e até a menopausa, teve um filho atrás do outro. Ficou grávida 16 vezes, exatamente como a natureza a programou. 
Ela nunca sofreu de Endometriose, porque menstruou muito menos do que eu.
Nos dias de hoje, demoramos para ter filhos e temos menos filhos, consequentemente menstruamos muito mais do que deveríamos.

Os tratamentos existentes são: 
A videolaparoscopia, que é uma cirurgia minimamente invasiva. A operação é realizada em ambiente hospitalar, por meio da introdução de uma pequena câmera através da cavidade pélvica, sem a necessidade de grandes cortes externos na pele. Normalmente são realizadas duas pequenas incisões na altura da virilha e uma incisão na região umbilical.
A microcâmera incorporada no equipamento permite que o especialista tenha uma visão ampla e profunda, podendo assim avaliar em grande aumento e com alta definição os órgãos e tecidos internos, possibilitando a retirada e cauterização dos focos. 
O uso de medicamentos, como anticoncepcionais orais combinados ou só com progesterona, DIU ou implante medicados com progesterona e contraceptivos injetáveis. Nos casos de endometriose avançada diagnosticada após a realização do procedimento cirúrgico (estágios III e IV da doença), orienta-se eventualmente o uso de medicamentos que bloqueiam o eixo hormonal (análogos do GnRH) por três meses, induzindo a uma menopausa temporária. 
Li relatos de mulheres que tomaram esses medicamentos, (análogos do GnRH) e sofreram fortíssimos efeitos colaterais. 
Li também, relatos de muitas mulheres que infelizmente tiveram que passar pela cirurgia mais de uma vez, ou porque na primeira cirurgia não se realizou a retirada total dos tecidos afetados pela endometriose e o mesmo continuou crescendo com o passar do tempo. Ou pelo fato da paciente ter voltado a menstruar após a cirurgia e assim novos focos se formaram. 
Foi nesse momento que percebi a importância de encontrar um especialista, pois obviamente não gostaria de ter que passar por essa cirurgia mais de uma vez. 
E é importante dizer que no meu plano de sáude não havia nenhum especialista em endometriose conveniado, pelo menos não naquele momento em 2012, e infelizmente esse é um problema bastante comum. 
Passei um ano acompanhando de perto minha endometriose, pesquisando bastante sobre essa doença, aprendendo muito com as histórias de outras portadoras de endometriose, convivendo com o medo de não poder realizar meu sonho de gerar um filho, lidando com a culpa de achar que a minha escolha de priorizar o meu trabalho e adiar o meu sonho de ser mãe, poderia talvez ser a causadora disso tudo. 
Nesse um ano passei por 4 médicos diferentes e mesmo com meu fluxo menstrual bloqueado, meu endometrioma e minhas dores continuavam crescendo. 
Então resolvi tentar um implante de progesterona que o Dr. Elsimar Coutinho havia criado, o Elcometrina. Li que este implante havia tido bons resultados em mulheres com endometriose. 
Esse implante dura 6 meses, e com ele minhas cólicas melhoraram bastante, mas o endometrioma no ovário direito continuava crescendo.




No dia seguinte a videolaparoscopia
Aos 32 anos de idade, quando percebi que corria o risco de perder meu ovário direito, finalmente encontrei no Rio de Janeiro, um ginecologista especialista em endometriose, o Dr. Marco Aurélio Pinho de Oliveira. Mesmo estando no meio de uma novela das 9 “Amor à vida”, eu decidi fazer minha videolaparoscopia.
Fiz a cirurgia e descobri que ela é minimamente invasiva externamente, mas internamente a videolaparoscopia é uma cirurgia como outra qualquer, que exige repouso de no mínimo 20 dias. Eu infelizmente não consegui repousar os 20 dias, pois a novela precisava ir ao ar. Fiz repouso de apenas 12 dias e recomendo à todas que passam por essa cirurgia, que façam o repouso adequado, pois existe o risco de aderências. 
Felizmente a cirurgia correu bem. O Dr. Marco Aurélio conseguiu fazer a retirada do endometrioma e preservar meu ovário direito!
O meu plano de saúde não cobriu os honorários dele, pois ele não atende a nenhum convênio, e o plano de saúde também não fez nenhum tipo de reembolso, pois eles acreditavam que qualquer ginecologista poderia fazer a cirurgia. Mas eu acredito que um médico super especializado nessa doença, que estuda e só trabalha com isso, fez com certeza toda a diferença, portanto eu paguei do meu bolso os honorários dele, mesmo tendo um bom plano de saúde. 
Após a cirurgia, coloquei mais um implante de Elcometrina para bloquear meu fluxo menstrual e manter minha pêlvis livre de novos focos até chegar o momento de tentar engravidar. 
Com o fim da novela, o novo implante de progesterona que durava 6 meses estava quase no fim, assim que retirei o implante fiz 12 sessões de Acumpultura para acordar meus ovários que ficaram 2 anos adormecidos, sem ovular devido o bloqueio da menstruação. 
E o momento de começar a tentar engravidar finalmente chegou e com ele a dúvida, o medo de não conseguir engravidar e o receio de sangrar durante muitos meses tentando engravidar e assim gerar novos focos de endometriose e consequentemente precisar de uma nova cirurgia. 
Teste de ovulação positivo
Meu plano era tentar 6 meses, e se não conseguisse naturalmente já procurar ajuda, então comprei testes de ovulação para saber exatamente quando estaria ovulando. 
E como um milagre, para nossa surpresa após a minha primeira menstruação fiz o teste de ovulação e engravidei naturalmente! 
Quando a menstruação não veio no mês seguinte, achei que meu ciclo estivesse desregulado como sempre foi quando não estava tomando anticoncepcional. Não quis nem fazer o teste de farmácia para não ficar ansiosa, não ficar neurótica, todo mês fazendo o teste de farmácia após o atraso menstrual, e para não desabar de tristeza com o sinalzinho negativo no exame.
Mas meu marido comprou o teste, e me forçou a fazer o exame na manhã seguinte. 
Teste de gravidez positivo

Não acreditei quando o teste deu positivo! Usei os 3 testes da caixinha e os 3 deram positivos! 
Continuei na dúvida e só tive certeza que seria mãe quando ouvi o coraçãozinho do meu bebê batendo no ultrason, o som mais incrível do mundo!!!!
Minha gravidez foi absolumtamente normal, tive somente um sangramento com 8 semanas de gestação, que não tinha nenhuma relação com a endometriose. Segundo a minha médica foi um sangramento comum, mas para mim foi um tanto assustador, por isso fiz o repouso recomendado até completar 12 semanas. 
E hoje, com o meu bebê nos braços e meu sonho realizado, eu continuo de olho na endometriose e para que ela não volte eu continuo bloqueando meu fluxo mestrual. Mas desta vez com a pílula Micronor (Micropíllula) pois continuo amamentando o Lucca. 
Espero que com este texto eu tenha conseguido responder todas as perguntas que muitas mulheres, portadoras de endometriose, me fazem quase que diariamente nas minhas redes sociais e que nem sempre consigo responder uma por uma. 
E deixo aqui um alerta para que todas as mulheres fiquem atentas aos sinais de seus corpos,  pois se a endometriose for diagnosticada num estágio inicial, muita dor pode ser evitada.
E desejo todo meu carinho e força para as que estão na luta contra a endometriose, fé e pensamento positivo, acredite que tudo vai dar certo! 
http://www.femommy.com/blog/2016/5/2/como-venci-a-endometriose

Atenção: Por favor veja ao lado e assine a petição.
Vamos gritar, vamosgritar, vamos gritar. 
#juntasnumasovoz